quarta-feira, 31 de março de 2010

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De Thich Nhat Hanh
in 'Paz a cada passo'

"Você vê a ligação entre mim e você?
Se você não estiver aí, eu não estou aqui. Isso é certo.
Se ainda não percebe, por favor olhe com mais profundidade
e tenho certeza de que verá.

Perguntei à folha se ela estava com medo por ser outono
e porque as outras folhas estavam caindo.
A folha me respondeu: Não. Durante toda a primavera e
o verão eu estava inteiramente viva.
Trabalhei muito para ajudar a alimentar a árvore,
e agora grande parte de mim está nela.
Não sou limitada por esta forma.
Também sou a árvore inteira e, quando retornar ao solo,
continuarei a alimentar a árvore. Por isso,
não tenho nenhuma preocupação.
Quando deixar este galho e for caindo até o chão,
acenarei para a árvore e lhe direi,
'Vamos nos ver em breve'.

Naquele dia o vento soprava e, depois de algum tempo,
vi a folha cair do galho e dançar até o chão, cheia de alegria,
porque flutuando no ar ela já se via novamente na árvore.
Ela estava muito feliz.
Inclinei minha cabeça em reverência,
sabendo que tenho muito a aprender com aquela folha."

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Quando pedi para acordar, meu corpo inteiro se arrepiou.
Porque o que aconteceu comigo foi mais do que abrir os olhos.

terça-feira, 30 de março de 2010

Para Milan Kundera

Por que desse jeito?
Em que momento escolhemos viver aqui?
Não consigo nem apontar da onde vem essa pressão que se esconde.
Olho para o céu e não vejo nada.
Levanto os braços passando pelo espaço em vão.
É um peso que se esconde.
Uma força que nos comprime de todos os lados, com P maior sobre a cabeça.
Tenho a impressão de que querem nos ver de joelhos.
Mas o costume e a impotência diante da roda desafortunada, o ínfimo recorte de tempo que te cabe nessa vida, nos faz pensar que nosso corpo não vale nada.
É quase como poeira lançada sobre essa história.
Daí entendo o que o mestre quis dizer com aquele título,
Que é tão insustentável a leveza desse pobre ser!

quinta-feira, 25 de março de 2010

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Um destino não se completa sem um outro.
Assim como não existem aprendizes autodidatas.
Não consigo pensar diferente disso.
A carga da distância é que muito se perde dos trejeitos não examinados pelos olhos, das construções desordenadas, das ideias retalhadas, dos saltos para o alto, e dos tropeços.
Existem diferentes maneiras de se colocar distante, denominada uma de física, e outra de pensamento.
Dói tanto ser distante no pensamento!
E é por essa que mais pecamos.

quarta-feira, 24 de março de 2010

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Tenho me encantado pelos olhos de um cego.
Que cultua a imagem de uma mentirosa indiferença minha.
Que deve abraçar no espelho e ideia de um encontro de nós dois.
Que mal sabe que não tenho capacidade de desorgulhar meu ser.
Ser que, na verdade, não tem certeza de nada, nada, nada...

segunda-feira, 22 de março de 2010

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Todo pedido equivale a uma promessa, não só do solicitado, mas também de quem solicita.

segunda-feira, 15 de março de 2010

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É uma pena que tantas palavras se percam quando não derrubamos as letras no papel.
Tive tantas coisas bonitas para escrever sobre você, sobre mim e sobre nós.
É mais comum quando estou deitada na cama, com a consciência sobre o travesseiro, tendo preguiça de levantar para pegar folha e lápis.

terça-feira, 9 de março de 2010

Sobre teus conselhos

São divinos seus olhos, seus comentários, seu ódio e seu desespero.
Sua forma de dissenso e consenso.
A palma da sua mão tentando se comparar a minha.
Seus joelhos que se dobram junto a curva do seu troco.
É necessária toda essa culpa, essa dor?
Necessária essa mentira de inimigos?
Imagino se tudo não é folclore que se mistura a história real.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Com essa ideia de achar que devo merecer tudo que chega a minha mão, acabo deixando de pedir flores, vestidos e festas.
Mas, gostaria tanto, Pai, tanto...

quinta-feira, 4 de março de 2010

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Não me toque agora!
É hipersensibilidade.
Apenas seu olhar me afaga.
Mais do que isso, será dor.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Tente me entender só por hoje

Lembra-se do início, quando tudo parecia pronto para ser apenas construído?
Meu amor, agora o sentimento é de derrota, é de um final se arrastando por mais de dias (dias bíblicos).
Minha voz está tão rouca, tão baixa e desafinada.
O pior é que a vontade de cantar ainda é viva.
(Dizem alguns mestres que isso acontece porque ainda desejo ser feliz)
Mas na verdade, olho para este céu cinzento desejando me trancar numa torre alta, cheia de livros, e acompanhada de uma mente igual a minha que esteja num corpo que eu desejo.
Porque é me perdendo nesses pensamentos que esqueço um pouco dessa vida.
A sorte é que o gosto de fim novamente será disfarçado pelo sabor do começo.
Se não entendeu o que quero dizer com tudo isso, saiba que hoje a montanha russa dos meus sentimentos entrou em operação.
Por isso, tem horas que amarguro e outras que ‘adoçuro’.