quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ponto de partida

De partida para onde?
Desistir não é nenhuma das minhas opções, mas por um relapso, talvez, isso veio a minha mente e agora demora a sair.

Desistir do que exatamente, sendo que nem tudo começou? E se o que começou foi uma parte de um projeto, mal feito e planejado, que se fosse uma casa já teria ido abaixo?

As propostas são na verdade o limite, e o que eu propus foi muito pouco.
Poderia me contentar com essa explicação, mas nada explica o abandono dos sentimentos da coragem e o tamanho do espaço ocupado pelos que são do medo.

Posso cravar a unha no meu corpo e entender que dessa forma eu vivo.
Posso cravar a unha para esquecer da dor interna – é nela que me perco.
Deveria ter me perdido nele, mas haja orgulho para ter deixado partir.
Não entendi que nem tudo eu tenho, que nem tudo quero ter, que o passado não está mais há um passo.

Não posso ser escrava do remorso. Meu arrependimento não trás alívio.

O poço é mais profundo do que imaginei.
Assim eu acordei. Acordei para me recompor de todos esses pensamentos típicos da recordação do que mal foi resolvido.

Eu posso partir daqui.
Daqui sabendo que nada adianta desesperar pela falta que me faz.
Posso usar cada palavra como ponto de apoio para entender a moratória do meu próprio desenvolvimento.
Quero acreditar em Afrodite, em Athena, em fênix, em quimeras, em discos voadores, em vida após a morte, fora da terra, e que sou capaz de atravessar um grande rio simplesmente pedindo que ele se abra.

Mas assim, jamais seria eu. Jamais teria orgulho do que espero ser um dia.
Meu desejo é construir o barco.
Meu medo é não encontrar material suficiente.
Meu desafio é acreditar que mais do que nada é possível, que menos do que tudo é possível.

Um comentário:

Thá disse...

Não saberia expressar o que sinto agora.
Mas, lendo o seu texto, sei que o que sinto é exatamente isso! Sou um ponto de partida. Um porto solidão. Um barco sem vela. Uma árvore sem flores, um galho seco e sem cor.
Eu queria acreditar. E juro que isso é o que eu mais tenho exercitado. Mas me sinto sem força. Me sinto burra, impotente. Me sinto incapaz de conquistar o que quer que seja. Quem quer que seja.
É triste. É desesperador, na verdade.
É um texto lindo, que me fez chorar.
Um beijo, gêmula.